A escolha de Sofia, escreve Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay
Indo às ruas durante a pandemia
Não podemos nos equiparar a eles
02.jun.2020 (terça-feira) – 10h50
“O vento experimenta o que irá fazer com sua liberdade”
João Guimarães Rosa
Estamos vivendo um momento onde o fascismo bate às nossas portas. Este presidente genocida faz um seríssimo esgarçamento da estabilidade dos poderes. A cada dia ele testa as instituições. Instiga o ódio. Prega a insubordinação. Afronta o Congresso e provoca o Supremo Tribunal Federal.
Uma das nossas críticas tem sido a irresponsabilidade dos grupos fascistas de estarem ocupando as ruas em manifestações que desrespeitam toda a orientação científica e médica. Essas manifestações são verdadeiras provocações e buscam desestabilizar o estado democrático de direito.
O pior é que, com o descumprimento das normas internacionais de segurança de saúde, a tendência será um número maior de infectados. Estes irresponsáveis, depois de infectados, disputarão os respiradores e os leitos nas UTIs com médicos, enfermeiros, e funcionários dos hospitais que se infectaram ao arriscar as suas vidas para salvar pessoas acometidas pela covid.
E viveremos a tristeza, a angústia, o desespero da escolha de Sofia. Os médicos terão que escolher quem vai morrer.
É cruel, mas nós não podemos ser incoerentes. Não devemos e não podemos ir para as ruas para fazer frente e barrar os fascistas. Eles não passarão. Se nós nos equipararmos a eles, os fascistas, indo para as ruas, perderemos o discurso da necessidade de cumprir a orientação médica internacional do isolamento.
Seremos mais fortes se não usarmos os métodos que criticamos abertamente. Sem sair de casa já somos 70% contra o fascismo. Venceremos.
Vamos ler Rainer Maria Rilke:
“Não deixe que nos separem.
Perto está a terra que chamam de vida.
Tu a reconhecerás pela sua gravidade.
Dá-me a mão”.
Eles detestam poesia.
Publicação original: www.poder360.com.br