CHEIRO DE MORTE

“O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos fracos”, Friedrich Nietzsche

O Brasil se tornou uma terra de ninguém, de aproveitadores e de sádicos. Um homem que cultua a morte, que faz apologia à tortura, que incentiva a violência e que alimenta a necessidade de todos usarem armas fez, juntamente com seus seguidores, o país virar um local tóxico e inabitável. As barbáries se sucedem em ritmo alucinante.
A covardia insana do homicídio do guarda municipal Marcelo Arruda por um bolsonarista alucinado, no meio da própria festa de aniversário, junto de seus familiares, choca qualquer pessoa que tenha um segundo de humanismo e empatia. Mas não abala o Presidente da República, com sua visão distorcida e fascista do mundo. Afinal, quem desdenhou da morte de 660 mil brasileiros na pandemia, inclusive imitando alguém morrendo de falta de ar, por que se abalaria com um assassinato?
É um padrão a ser seguido. Covardes e pusilânimes, eles se mantêm nos armários demonstrando a impotência ao agredirem as mulheres, ao apoiarem o acirramento dos conflitos, ao não se desculparem nunca; ao contrário, exaltam a agressão física e a dor. Um governo necrófilo, que tem o cheiro da morte.
É mais que chegada a hora de todos se posicionarem. O país já está no fundo do poço, mas neste fundo ainda tem um abismo criado por uma cratera moral. Temos que conviver com pessoas que não se colocam, que falam sobre conflito político em posições exaltadas dos dois lados. Alto lá! O que existe é a necessidade premente de responsabilizar esse facínora e seu bando pela desgraça que se abateu sobre o Brasil.
Saquearam o país, destruíram as conquistas em todas as áreas, implementaram um governo bandido, violento e sem escrúpulos sob a falsa capa de homens de bem. Hipócritas.
A cada dia, uma máscara cai e desnuda os cúmplices da política de terror e de morte. Mas eles não se abalam e seguem expondo todos a um risco permanente. Não é mais um risco simbólico, é real. Somos reféns de uma quadrilha que dominou o Brasil e transformou o ódio na maneira de ser de boa parte da população. Já não procuram motivos sequer para matar. Foram derrubando todas as barreiras humanistas e assumindo, pouco a pouco, o que eles verdadeiramente são.
E hoje, seguem orgulhosos da própria ignorância, da prepotência e do sadismo com a firme convicção que parecem ter de que, quanto mais forem ousados na violência, mais terão ao seu lado um grupo fanático para apoiar o projeto de aniquilar uma nação.
Passou da hora do basta. Quem for minimamente democrata, ou simplesmente tiver compaixão e empatia, deve se unir para, no dia 2 de outubro, dar a chance ao país de voltar a ter uma estabilidade democrática. Vamos devolver esses seres teratológicos ao lixo da história enquanto é tempo.
O filósofo austríaco Karl Popper questionou até que ponto a sociedade deve ser tolerante com os intolerantes: “e se não estivermos preparados para defender a sociedade tolerante do assalto da intolerância, então, os tolerantes serão destruídos e a tolerância com eles.”
Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay
Publicado no O Dia.

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