“Coragem de Moro não é cívica”

 

  • POR GRUPO PRERRÔ
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 Por Morris Kachani

“É raro um ministro da Justiça sair atirando. Moro deu todos os motivos para um impeachment. A coragem que ele teve sabendo do risco que é enfrentar o grupo de Bolsonaro, com seu entorno da milícia sem controle, Moro sabe que vai sofrer isso. Mas não é uma coragem cívica. É uma coragem que busca chegar na presidência. Moro sabe muito bem usar a mídia. Ele aproveitou a saída para se capitalizar. Só que a eleição está longe, não sei se vai ter a mídia sustentando ele nos próximos dois anos e meio”.

“O final de Moro é mais que melancólico; é catastrófico. Para nós operadores do Direito, ele sai desmoralizado. Fez um discurso de saída por 40 minutos e não conseguiu elencar um único projeto que pudesse ser sua marca. Porque foi rigorosamente um fracasso sua passagem no ministério.

É um encarcerador, não tem política de segurança nacional. Não tinha poder para nada, não foi ouvido para nada”.

“Moro foi fragorosamente derrotado no pacote anti-crime. Todos os pontos importantes dele, como a licença para matar, o Congresso Nacional derrubou. O pacote aprovado é totalmente diferente”.

“Acho que Moro confessou uma série de crimes. Se de fato foi várias vezes pressionado como disse, e nada fez, é obstrução. Ele tinha a obrigação de tomar as providências imediatas. Se não tomou atitude
enquanto era ministro, é porque tinha interesse político. Então era cúmplice”.

“No meu ponto de vista há uma certa hipocrisia. Já passou da hora de julgarmos as ações de Moro como juiz. Ele era claramente parcial, e contava com o conluio de uma parte do Ministério Público”.

“O caminho dele nunca foi o Supremo. Se fosse, não teria saído da Vara de Curitiba. Ficaria e esperaria uma vaga. À parte, não tem notório saber jurídico para integrar a corte superior. Ele mira, e é um direito dele, a presidência da República. No meu ponto de vista, Moro mercadejou com a toga, ao aceitar o convite para o ministério. Ele foi humilhado, mas não tem essa preocupação”.

Em novembro de 2018, tive uma conversa com o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que chamou a atenção na época. O tema era a nomeação de Moro para o Ministério da Justiça e o título da reportagem acabou sendo o prognóstico de Kakay, de que esta jornada teria um final melancólico.

Pois então, hoje retornamos a conversa a partir daquele ponto. Moro: herói ou vilão? Para Kakay, vilão com certeza.

Dedicamo-nos a analisar sua performance enquanto ministro e claro, seu comportamento na explosiva coletiva que concedeu na última sexta-feira.

Kakay já advogou para três presidentes da República, 80 governadores e dirigentes dos maiores partidos. Sua ilustre lista de clientes inclui José Sarney, Romero Jucá, Alberto Youssef…

Nos últimos anos, Kakay tem cruzado o país em palestras para advogados e estudantes de direito, criticando duramente o que chama de “República de Curitiba” e o que reputa como excessos na operação Lava Jato.

Assista à entrevista na íntegra em: https://youtu.be/5Unhyy4w_bw

Entrevista publicada originalmente em O Estado de S. Paulo.

 

 

 

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