Kakay diz que Aras será obrigado a denunciar Bolsonaro ou Moro

Kakay diz que Aras será obrigado a denunciar Bolsonaro ou Moro

 

Criminalista diz que Moro, se fosse juiz do próprio caso, determinaria sua prisão por ter excluído mensagens do celular

Por Matheus Simoni no dia 08 de Maio de 2020 ⋅ 09:06

O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, comentou o inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga suposta obstrução de Justiça cometida pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) e afirmou que a peça, protocolada pelo Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras, pode denunciar tanto o chefe do Executivo como o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. O ex-juiz da Operação Lava Jato motivou a ação após depoimento em que cita interferência política de Bolsonaro ao tentar mudar o comando da Polícia Federal. Em entrevista a Mário Kertész na Rádio Metrópole hoje (8), Kakay apontou que Aras se viu obrigado a abrir o inquérito.

“Um ponto que eu queria comentar é, quando você acusa alguém de cometer um crime, como ele acusou o presidente, o normal é que o procurador abra um inquérito contra a pessoa que foi acusada. Se for ver a peça de abertura do Aras, ela é mais contra o Moro do que contra o Bolsonaro. O inquérito no Supremo, fiz questão de ver, assim que foi autuado, tinha como investigado Bolsonaro. Em seguida, houve uma mudança, certamente a pedido dos interessados pelo inquérito, colocando o Moro como investigado”, declarou o advogado.

“Esses inquéritos, no mais das vezes, são abertos para marcar posição e não chegam a lugar nenhum. Esse caso, a forma como Aras abriu o inquérito, na minha visão como advogado, ele terá que denunciar ou o presidente ou Moro. Boa parte da peça de representação fala que, se não comprovar aquilo, Moro terá cometido denunciação caluniosa, no mínimo. É estranho ter isso lá, isso é o óbvio. Se alguém acusa alguém, sabendo que essa pessoa é inocente de algum crime, pratica denunciação caluniosa. De todos os inquéritos que eu já vi ao longo de 40 anos, não se faz um pedido de abertura citando exatamente que, se quiser não comprovar, será crime”, acrescentou o criminalista.

Ainda segundo Kakay, se ainda fosse juiz da Lava Jato, Moro determinaria a própria prisão por ter adulterado mensagens no celular. Ele citou a ordem da prisão do empresário Marcelo Odebrecht no âmbito da operação. Na época, em 2015, o então juiz Moro apontou que o empresário tentou obstruir a justiça ao apagar mensagens no celular. “Quando Moro determinou a prisão do Marcelo Odebrecht, um dos fundamentos fortes da prisão é que Marcelo teria higienizado o celular, mexido no celular ou tirado alguma coisa. Levando à conclusão óbvia, se fosse Moro que tivesse efetivamente sido o juiz, que na prática ele coordenou o depoimento, ele estaria preso. Ele confessou que higienizou o celular”, ironizou.

Kakay avaliou que o inquérito está em boas mãos no STF. A investigação foi determinada pelo ministro Celso de Mello, decano da corte. “O Brasil está cansado desse momento. Acredito que esse inquérito, que está nas mãos de um ministro seríssimo, que é o Celso de Mello, e que honra o Supremo, garantista dos direitos e garantias da Constituição e rigoroso na questão de corrupção, poderá chegar à conclusão do crime de Bolsonaro por obstrução de Justiça, já que ele fala da superintendência da PF do Rio e que quer trocar o comando. No Rio é onde corre o inquérito de organização criminosa contra pessoas absolutamente próximas a ele, como diz a imprensa e todas as pessoas que conhecem aquilo. Pode ser um crime inevitavelmente comprovado”, declarou.

Publicação original: www.metro1.com.br

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