BOLSONORO, MORO, DAMARES: GENOCIDAS! A LISTA ESTÁ ABERTA…

Chegou um tempo em que não adianta morrer.

Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.

A vida apenas, sem mistificação.”

Carlos Drummond de Andrade

 

Quantos Lulas serão necessários para o Brasil ser ouvido no mundo? Esta tragédia indígena, especialmente a dos Yanomamis, ecoa há muito tempo na nossa realidade. A irresponsabilidade do fascista Sérgio Moro – quando era Ministro da Justiça, paralisou a demarcação das terras indígenas e manietou o trabalho da Funai, o que acabou resultando na morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips – foi apenas um sinal a mais desta covardia anunciada. Não podemos nos esquecer de que o coordenador daquela fundação, que combatia a mineração ilegal em terras indígenas, foi exonerado pelo ex-Ministro exatamente quando o governo Moro-Bolsonaro apresentava um projeto para liberar o garimpo em terras indígenas. Nada se deu por acaso.

 

Há documentos que precisam ser examinados. Nos últimos dois anos, a associação dos Yanomamis enviou 21 ofícios com pedidos de providências que foram desprezados. Urge analisar e responsabilizar as ações e as omissões praticadas pelo Ministério da alucinada Damares que demonstram que ela e o chefe da quadrilha, o então Presidente da República, negaram leitos de UTI, itens de higiene pessoal, produtos de limpeza e materiais para o enfrentamento do vírus e da crise sanitária, como ventiladores pulmonares para os indígenas no auge da pandemia, entre outros descalabros. Essa mulher é um verme que corrói qualquer estrutura humanista. É o que existe de mais cruel. A imagem da ignorância e do atraso. Eles são essencialmente maus, covardes, fascistas e racistas.

 

Os dados divulgados são alucinantes: em 4 anos de governo Bolsonaro, morreram 570 crianças indígenas. Dessas, 99, com idade entre 1 e 4 anos, morreram no ano de 2022 por desnutrição, contaminação por mercúrio, malária e fome; 79% das crianças estão subnutridas; 11 mil casos de malária em uma população de 30 mil índios; desvio de medicamentos e inúmeros outros casos de abuso e corrupção. Enfim, um estado de calamidade com o governo de costas para os brasileiros e escolhendo os índios como alvo de extermínio. Crime. Genocídio. Barbárie.

 

Como nos ensinou o líder dos Yanomami, Davi Kopenawa, no seu livro A queda do céu, “Os brancos dormem muito, mas só conseguem sonhar com eles mesmos”.

 

É importante resgatar o discurso de campanha do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, quando ele expressamente afirmou que “as minorias têm que se curvar para as maiorias”. E, ousada e criminosamente, complementou que, “se as minorias não se curvassem, iriam desaparecer”. É exatamente o que o governo Bolsonaro fez com os índios, especialmente com a nação Yanomami: uma definição clássica e acadêmica do que é genocídio. Basta examinar tecnicamente o texto da Lei 2.889/1956:

 

Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:  (Vide Lei nº 7.960, de 1989)

  1. a) matar membros do grupo;
  2. b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
  3. c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
  4. d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
  5. e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;

 

Mas há mais! Em 1998, o então obscuro deputado federal pelo Rio de Janeiro Jair Bolsonaro apresentou à Câmara um projeto de decreto legislativo que pretendia tornar sem efeito a reserva Yanomami e o discurso do fascista era assustador. Confiram:

 

Até vale uma observação neste momento: realmente, a cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e, hoje em dia, não tem esse problema em seu país.”

 

Quando em junho de 2021, em plena pandemia, comecei a gritar e a pedir o enquadramento por genocídio do fascista Bolsonaro, os acadêmicos e professores entendiam ser exagero. Hoje, milhares de mortos depois, e com a quase extinção do povo Yanomami, o mundo inteiro olha para o Brasil e se rende a uma necessidade humanitária: vamos condenar Bolsonaro e seus asseclas assassinos por genocídio para que a barbárie não se repita.

 

É o que a humanidade pede e espera. E é o que nós merecemos. O Brasil merece, em memória e honra dos que se foram e poderiam estar aqui.

 

Como nos ensinou Jorge Luis Borges, “Sempre a selva, sempre o duelo. Peito a peito e face a face. Viveu matando e fugindo. Viveu como se sonhasse”.

 

Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay

Artigo Publicado no O Dia

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