Manifesto ‘Basta’ reúne Carlos Fernando, ex-procurador da Lava Jato, e Kakay, advogado que o combatia

Advogado diz que quase retirou seu nome, mas desistiu porque “importante é enfrentar o fascismo”

 

Os organizadores do manifesto “Basta”, que reuniu juristas e advogados em torno de críticas a Jair Bolsonaro e a defesa da democracia, conseguiu uma proeza: juntou, num mesmo documento, as assinaturas do ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, estrela da Lava Jato, e de seu maior crítico, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay —que defendeu alguns dos acusados na operação.

Kakay só viu depois que o ex-procurador estava no manifesto.

“Quando vi o nome deste procurador que foi, junto com [o procurador] Deltan [Dallagnol], o mentor da Lava Jato, eu entendi o motivo de o Lula não ter querido assinar o Manifesto Todos Juntos [endossado por Fernando Henrique Cardoso]. Quase pedi para tirar meu nome”, diz Kakay.

Mas ele decidiu manter a assinatura. “Neste momento, o importante é enfrentar o fascismo. Este governo Bolsonaro é o legado dos abusos da Força Tarefa que era coordenada pelo Moro. Eu estou onde sempre estive. Ele quer derrubar o que ele criou. O Bosolnaro é cria dele . Este fascismo é o legado da Lava Jato”, finaliza o advogado.

O documento tem a assinatura de mais de 700 juristas e advogados, como Antonio Claudio Mariz de Oliveira, Mario Sergio Duarte Garcia, Claudio Lembo, Dalmo Dallari, Celso Lafer e Sebastião Tojal.

Reúne ainda ex-ministros da Justiça como José Gregori e José Carlos Dias, do governo FHC, e José Eduardo Martins Cardozo, do governo Dilma Rousseff.

 

Mônica Bergamo

Jornalista e colunista.

 

Publicação original: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo

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