“Ninguém está acima da lei! Nem a Lava Jato”, diz Kakay
POR ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO PUBLICADO EM 01/07/2020
Para ser coerente com toda a minha formação como advogado e com toda a minha pregação garantista pelo Brasil nos últimos tempos, tenho, sempre, defendido que ao Juiz Sergio Moro e aos membros da Força Tarefa de Curitiba devem ser garantidos todos os direitos constitucionais que eles sempre negaram aos que tiveram o infortúnio de serem julgados por eles.
Nesse último episódio, registrei que não entendia muito o motivo da maneira contundente, nervosa, quase descontrolada com que reagiram à visita de uma Subprocuradora e a certos questionamentos. Reafirmei que, em nenhuma hipótese, e sob nenhum pretexto, pode haver ofensa à completa independência funcional dos membros do Ministério Público.
Questionei, ainda, que a mim não me parecia que os atos do Procurador Geral tinham o contorno de uma investigação sobre o juiz que coordenava a Força Tarefa e os Procuradores membros desta Força Tarefa. Me parecia, sem conhecer os detalhes, que era uma tratativa absolutamente republicana dentro do próprio Ministério Público.
No entanto, a cada dia esse grupo de Curitiba surpreende mais. Fazendo uma análise, neste momento, de todo o quadro, me parece que o Procurador Geral, Dr. Aras, errou. E afirmo isto depois de conversar com vários membros do Ministério Público. A grande maioria, esmagadora maioria, gente séria, dedicada, competente. Gente que não aceitaria o diálogo:
“Obrigado, Vlad, mas entendemos com a PF que neste caso não é conveniente passar algo pelo Executivo.”
Vladimir foi mais direto: “A questão não é de conveniência. É de legalidade, Delta. O tratado tem força de lei federal ordinária e atribui ao MJ a intermediação.”
Dentre outros trechos preocupantes do diálogo consta: “Nosso parceiro preferencial para monitorar pessoas tem sido o DHS, mas podemos trabalhar com o FBI também. Quanto antes tivermos os dados, melhor.”
Ou seja, o Procurador Geral errou ao não abrir uma investigação direta e definida. Voltemos ao bordão da Lava Jato: “ninguém está acima da lei!”. A sociedade brasileira, o Poder Judiciário e especialmente o Ministério Público Federal merecem uma investigação séria e o esclarecimento cabal de tudo o ocorreu e ocorre no seio dessa Força Tarefa de Curitiba. Com a palavra o Dr. Aras.
Kakay
Publicação original: Grupo Prerrogativas