PRÊMIO NOBEL DO RIDÍCULO

A cadela do fascismo está sempre no cio.

Bertolt Brecht

 

 

Há uma certa comoção em boa parte da sociedade brasileira que, cada vez mais, segue constrangida com os vexames diários provocados pelo Presidente e seu grupo. É humilhante constatar o ridículo a que estamos sendo submetidos. O ministro do Turismo, em seu Twitter oficial, postou uma montagem falsa da capa da revista norte-americana “Time” com a notícia de que Bolsonaro seria candidato ao prêmio Nobel da Paz por sua “atuação” no conflito entre Rússia e Ucrânia. Seria cômico se não fosse trágico!

 

A viagem a Moscou rendeu milhares de posts ridicularizando o Presidente da República. O que devemos refletir é o quanto essa banalização do ridículo desfavorece o próprio Bolsonaro. Devemos pensar que, a esta altura, quem ainda apoia esse desqualificado concorda com os desmandos por ele coordenado. São cúmplices da tragédia nacional que levou o Brasil a este estado deplorável.

 

Na verdade, o que sempre me inquietou é que Bolsonaro não mentiu sobre quem ele era quando foi candidato, nem durante a sua vida. Sempre assumiu ser um canalha misógino, racista, amante da morte, completamente ignorante, despreparado, cultor da tortura e tudo o mais que representa o esgoto da alma humana. E teve 57 milhões de votos gabando-se de ser repugnante. É claro que usou todos os meios inimagináveis para chegar ao poder. Inclusive a disseminação, sem nenhum pudor, de fake news.

 

Os bolsonaristas têm como estratégia viver no mundo falso que criaram, de onde seguem destruindo reputações. Estabelecem pontes com o neofascismo e com grupos que se dispõem a detonar todas as conquistas humanistas conseguidas em décadas de história.

 

Perdemos a credibilidade internacional, o brio e o amor-próprio. Até das nossas cores os fascistas se apoderaram. Viramos um país vazio, no qual a imensa maioria se porta de maneira absolutamente indiferente com a dor do outro, com a fome de 20 milhões de brasileiros, com o desespero do desemprego e com a vida, enfim.

 

Por isso, proponho esta reflexão: será que não estamos fazendo o jogo desse bando? Ao alimentarmos as milhares de fake news criadas diariamente, ao divulgarmos e, de certa forma, polarizarmos os absurdos criados por eles, nós estamos dando corda a esse grupo de celerados. É difícil lidar com quem não tem ética e nem limites. Não podemos usar a nossa régua com quem despreza absolutamente qualquer critério civilizatório.

 

Estamos no ano da eleição que pode ser a mais importante da história. Não podemos perder! O Brasil não pode perder. Até por isso, fizemos – intelectuais, artistas e advogados – um manifesto pelo Brasil, conclamando a todas as pessoas lúcidas e minimamente éticas a votar no Lula no primeiro turno. Nesse momento, devemos superar a questão partidária e tentar ganhar sem dar chance de um segundo turno com os fascistas.

 

Eles alimentam-se da própria merda que criam abundantemente. Fortalecem-se com métodos antiéticos que não sabemos enfrentar. É necessário fazer de cada dia um dia dedicado a conseguir desmascarar toda essa hipocrisia. Não ganhamos ainda. Se partirmos do princípio que já ganhamos, perderemos.  E o Brasil não suportará um outro governo Bolsonaro. E não devemos nos esquecer do que disse Nelson Rodrigues: “Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.

 

Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay

Publicado no Jornal O Dia

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