PSICOPATIA, CHANTAGEM, BARBÁRIE: ULTRADIREITA ENCURRALADA!

“A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente.”
Florbela Espanca
Hoje, uma das grandes dificuldades que nós, advogados, enfrentamos é o completo descompromisso das causas da extrema direita com qualquer preocupação constitucional. Ou mesmo legal. Atrevem-se os bolsonaristas radicais a propor uma anistia para crimes futuros, sem condenação definitiva, como se fosse um salvo-conduto para perdoar o que viesse a acontecer. Proposta teratológica e que comporta uma análise de certa psicopatia. É uma salvaguarda para livrar os delinquentes de condenações futuras. Claro que ínsita está a certeza do que fizeram nos verões passados.
O pior é que a extrema direita, muito recentemente, uniu-se a um bando de aloprados, inclusive do PT, para tentar aprovar algo inimaginável: o direito de cometer qualquer crime sem nem ao menos ser investigado! Algo de uma desfaçatez inigualável. Um passaporte para estuprar, cometer golpe de Estado, trair a pátria e cultivar a milícia, a tortura e o roubo. Uma ode às organizações criminosas. Um convite para que os grupos armados, que dominam os presídios, as favelas e as periferias, assumissem de vez, oficialmente, o Parlamento brasileiro. Sem mais intermediários. Um aceno para violência a qualquer custo.
Cegos, os bolsonaristas não conseguem perceber e aquilatar a derrota humilhante e histórica que a Câmara dos Deputados sofreu com o arquivamento, pelo Senado e por unanimidade, da vergonhosa PEC da Impunidade. Depois da ridícula, falsa e hipócrita dança dos deputados para imputar a Deus a aprovação da legalização dos crimes, o descaramento da mesma ultradireita humilhada resolve, novamente, envergonhar o Parlamento e o Brasil.
Agora, os responsáveis pelo projeto, inconstitucional e amoral, da anistia resolvem, pasmem, usá-lo como condição para a aprovação do projeto de redução do IR! É afrontoso e escatológico. Não há nenhum pudor; não se tenta fazer nenhuma vinculação lógica ou ética entre as propostas. É chantagem pura e simples. Chantagem barata. É uma ameaça explícita. Pouco importa se o projeto da isenção do IR vai favorecer perto de 16 milhões de brasileiros mais humildes. Nada importa. O que vale para esse grupo é livrar os golpistas da cadeia, cuja condenação se deu pelo Supremo Tribunal, de maneira constitucional e dentro do devido processo penal democrático.
Ao se observar alguns movimentos na sociedade, como a manifestação de rua recente, com mais de 500 mil brasileiros contra uma PEC espúria da Câmara, acende uma esperança em uma resistência aos abusos, ao fascismo e à violência institucionalizada. Não é só a esquerda que está cansada de tantos desmandos. É algo mais profundo, que mexe com a dignidade e a soberania de uma nação. É como se fosse um grito contido contra os anos de bolsonarismo assassino, misógino, fascista, corrupto, racista e desumano. Contra todos os crimes impunes, por enquanto, durante a pandemia. A favor da dignidade, do respeito ao próximo, da Constituição e das regras universais de convivência democrática.
Vamos derrotar nas ruas e no Parlamento os projetos golpistas. É o Brasil que está demonstrando que a liberdade, a Democracia e o respeito aos cidadãos brasileiros estão de volta. Vamos saudá-los e dizer não de vez à barbárie fascista dos bolsonaristas extremistas.
Como nos ensinou o poeta Eduardo Galeano:
“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”
Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay